O Filhos of the Dark desfilou pelas ruas da capital paraense tocando clássicos do rock em versão marchinha. “Kit metal” para curtir a folia incluía camiseta preta e caneca



Saem os abadás coloridos, entram as camisetas pretas de bandas como Iron Maiden,Anthrax ou Slayer. Em vez das rasteirinhas ou tênis de mola, coturnos de couro cheios de tachas. Cerca de 300 metaleiros cabeludos e outros fãs de rock saíram pelas ruas de Belém, no sábado (8), para fazer por um dia algo poucos imaginariam essa tribo urbana curtindo: uma folia de carnaval.

“Metaleiro também pode pular carnaval”, diz o arquiteto Diogo Carvalho, 26, um dos idealizadores do bloco Filhos of the Dark, auto-intitulado “o primeiro bloco de carnaval heavy metal do mundo”. O nome é uma mistura de “Filhos de Gandhi”, maior bloco de axé de Salvador, com “Fear of the Dark”, hit da banda Iron Maiden.

O grupo paraense desfilou pelas ruas no último fim de semana tocando marchinhas e frevo, mas em versões roqueiras, e também clássicos do rock como “Paranoid”, do Black Sabbath, e “Carry On”, do Angra, em versões carnavalescas.“‘Fear of the Dark’ teve todo o solo, as distorções, mas o ritmo da bateria e percussão é de axé e de frevo”, exemplifica o arquiteto.


A ideia para o bloco nasceu de uma brincadeira entre Diogo e o amigo Saulo Caraveo. “Metaleiro costuma ser cabeça dura e deixa de ir a um bloco por tocar um determinado gênero musical. Por isso, quisemos fazer um lugar onde ele poderia beber uma cerveja, pular bastante e, ainda, por cima, ouvir uma música que gosta.”

Festa para metaleiro pular
A dupla se inspirou no clipe “The Sweetest Thing” do U2 (onde a banda desfila em uma parada pelas ruas de Nova York) para idealizar o “carna-metal”. “O pessoal tem essa ideia de show de heavy metal tem que ir apreciar e depois ir embora. A gente queria fazer algo que as pessoas pudessem pular”, explica Diogo.
O “kit metal” para curtir a folia custou R$ 50. Quem comprou ganhou caneca, camiseta, bebida liberada na concentração e ingresso para um pós-show. Apesar da venda não ter rendido tanto quanto esperado, a organização não ficou decepcionada. “Muita gente que não foi na pipoca ficou fora do cordão e se contagiou.”
O bloco encontrou alguma resistência para conseguir a autorização para desfilar. “Houve um problema de comunicação e algumas pessoas de fora da administração, como a Associação de Moradores, pressionaram o órgão responsável para eles não deixarem a gente sair. Mas, como o som estaria abaixo do limite e as outras coisas estavam em ordem, eles não tinham como não liberar.”
Segundo Diogo, o bloco também foi um jeito de quebrar paradigmas acerca dos metaleiros. “Há um preconceito de que o cabeludo roqueiro é encrenqueiro, quer quebrar tudo. Aí ver crianças e pessoas de idade curtindo as nossas músicas por onde passávamos foi muito legal.”

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